sábado, 13 de outubro de 2012

Sem vontade de escrever

Não tinha vontade de escrever há muito. Pensou que talvez se caminhasse um pouco a vontade tornaria a mover as palavras dentro dela. Caminhou. Era noite, sempre noite em seus pensamentos. E até a lua dormia em paz. Não é que ela estivesse sem paz, mas era uma paz perturbada, sabe? Dessas que não a deixava se conformar com o mundo dentro de si. A vida estava bem, ela estava bem. Mas havia algo mais profundamente ligado à ela que não se aquietava.

Não sei se você, leitor, entende. Mas há silêncio que ensurdesse, alimento que não sacia e paz que perturba.

Então ela caminhava sem nada que a prendesse. Não tinha lembranças, não tinha objetivos, não tinha sequer uma música dançando nela. Às vezes a vida te dar essa honra de ficar a sós com sua própria essência. A maneira como você lida com isso diz muito sobre você. No caso dela, não reagia com sorrisos, lágrimas ou qualquer outra emoção. Apenas caminhava com os dedinhos tocando o vento fresco. Tentava recuperar algo de sua mente que a fizesse construir um pensamento, mas não havia nada. Absolutamente.
Sentou-se. Finalmente a mente voltou a funcionar. "Dizem por aí que a vida é cíclica", ela pensou. "Em que ponto eu estou então? E quando eu voltar para o ponto de partida, eu nascerei novamente? Se bem que eu já nasci tantas vezes, devo já ter completado esse ciclo diversas vezes e nem percebi". Sem saber como concluir esse pensamento apenas observou as pessoas passando o resto da noite até que a rua ficasse deserta como a sua mente estava. Então voltou pra casa do mesmo jeito que saíra: sem vontade de escrever.

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