quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Foi


Eu devia ter colocado data na primeira carta que te mandei, sinto falta agora de saber quanto tempo faz que tudo aconteceu. Parece que foi ontem, mas já passaram quantos dias, meses? Bom, mas o que importa agora é o tempo em que estamos.
Continuo sendo sincera contigo. Talvez esse seja o único ponto do qual posso me orgulhar: o de nunca ter mentido.  Ou talvez não, talvez eu deva me orgulhar também de não ter me envolvido. Porque, sabe, pela primeira vez eu não deixei de me envolver por medo, mas por convicção de que não era o momento e o motivo correto.
Pelo menos agora te escrevo quase que o contrário de antes. Não faço mal às pessoas a minha volta, pelo contrário, me tornei alimento leve para a alma de cada uma delas. Não sou mais instável, não tenho sentimentos venenosos. Sou certa, falo a coisa certa no momento certo. Talvez eu ainda seja um pouco confusa, um pouco. Mas tudo tem se esclarecido na velocidade certa. Caminho para ser certezas e não mais dúvidas, embora nunca deixarei de tê-las. Repare que estou falando sobre ser e não ter. Ainda tenho minhas dúvidas, mas agora são apenas questionamentos construtivos e não destrutivos.
Mas nada disso é importante, porque – como eu disse – você prosseguiu bem melhor, não lembra da dor como algo ruim, mas sim como aprendizado, não é? Pelo menos, agora, teremos isso em comum. Algum dia poderemos nos encontrar e contar nossos descasos de amor, compartilhar confidências, amadurecimentos e durezas construídas no coração. Concluindo que, nem sempre, um coração duro é sinônimo de maldade; mas, às vezes, de maturidade. E que, nem sempre, um descaso de amor é menos doce do que um caso de amor. Às vezes, eles são bem mais doces.

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Hoje está difícil


"Tá difícil hoje, né?" - perguntei ao vento logo de manhã cedo. Sem resposta, continuei o dia normalmente. Mas, também, quem me responderia? Tenho que perguntar à quem deveria responder. Mas quem deve: eu ou ele? Não tenho coragem de perguntar, tenho medo da resposta. Mesmo sabendo que, dele, ouviria apenas um "Ana, tá foda!". Mas tenho medo desse foda. Porque ele não pode estar mal, o dia não pode estar difícil, faltando aquele ar fácil de respirar. Sei que ele é forte, sei que a vida vai andar tranquila, que a rotina vai continuar cheia de inspiração e felicidade. Mas sei que dói pra caralho. Não me sinto forte, não me sinto útil em ajudá-lo. Na verdade, me sinto impotente e sem palavras. Até mesmo sem braço que abrace, sem olhar que acalme, sem sorriso que brilhe.
Acordei como em qualquer outro dia. Cheia, leve, alegre, disposta. Mas hoje está diferente. Não sei explicar, é só que... está difícil, entende? Café sem gosto, descobertas sem excitação, beijo sem desejo, dia sem sol, chuva sem frio, Ana sem drama.
Disse à mim mesma que não posso me sentir assim, ora! Mas numa fração de segundos me rebati dizendo "dá licença! tenho o direito de ter um dia assim: difícil". Afinal, ninguém é obrigado a ser de ferro. Às vezes, posso esmorecer. Talvez, isso é o que eu deveria falar para ela: tá foda? Então esmorece, estou aqui para te reerguer.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Aqui não tem tristeza


Não consigo ser triste, até queria ser. Conseguir chorar toda a dor que você deixa quando não se dá pra mim, conseguir compor no piano algo realmente doído, que transpassasse melancolia. Mas eu não sou assim. Na calmaria ou dobrando o barco em tormenta, o amor é motivo para sorrir. Então me deleito em sorrisos e gargalhadas. Posso até chorar, mas não significa que deixo de sorrir.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Sobre o amor que você traz


Dois mil e treze. Talvez signifique dois mil erros e treze acertos. Se eu fizer o balanço dos meus passos deve dar mais ou menos essa proporção de erros e acertos. Mas o que de fato importa nesse início de ano é que todos esses erros e acertos me trouxeram até aqui assim: leve, feliz e bela. Não sei se é o início do ano que faz isso, mas sei que hoje estou tão certa de quem eu sou e de onde estou que sinto que tudo está perfeitamente encaixado na minha vida como sempre deveria estar. Não significa que estou satisfeita, que eu não tenha arrependimentos ou que eu sou tudo aquilo que eu desejo. Mas significa que eu estou segura. Apenas isso: segurança. De que a vida está caminhando para ser plena em beleza, alegria e satisfação.
Por esses dias eu te encontrei. Vai ver é por isso que estou tão feliz assim. Há muito tempo não nos víamos e você já me parecia apenas uma lembrança nostálgica. Mas agora tornou-se novamente real com todos os traços e pedaços de mim, de nós. Não existe mais um nós, eu sei. Mas existe um eu que construímos com tudo o que éramos e, talvez, ainda somos. Nada mudou entre nós, parece que o tempo não passou. Ainda representamos a mesma coisa um ao outro. Somos o sorriso. Somos a nossa válvula de escape de mundo, a lembrança de que podemos ser melhores, a representação de força e alegria, da contradição entre o leve e o pesado. Somos o amor materializado, idealizado, cristalizado. Somos o desejo não saciado. E é isso que nos mantém ligados.
Hoje eu estava me perguntando: por que você? Eu nunca pensei sobre isso, mas agora me prendi a essa ideia. O que você tem de especial? Por que é diferente dos outros caras? Quer saber qual foi a resposta: nada. Não é que você seja diferente, especial, fantástico ou perfeito. Você não é mais bonito, mais legal, mais inteligente, mais gentil ou qualquer outro “mais”. Não é que a minha felicidade esteja ligada à ti. Sei que posso sim ser feliz sem você, posso sim ser feliz com outro cara. Mas a questão é: eu não quero. Você é o único que despertou em mim satisfação. Não é que quando eu estou contigo eu sou mais feliz. É que quando eu estou contigo nada, nem ninguém, importa no mundo. Você é plenitude. Eu te amo. E não é desses amores medíocres, é diferente. É amor de verdade. Você exerce poder sobre a minha alma. Você aparece e eu me acalmo. Mas a minha alma se inquieta dentro de mim, pula, grita, se exulta. É loucura! Você me faz acreditar que amor e loucura são sinônimos. Talvez seja mesmo, talvez só os loucos sejam capazes de amar.
Ah! Mas esse amor... esse tão sonhado amor é tão puro, tão dado. É a força vestida em delicadeza. Não tem egoísmo, não tem ciúmes, não tem dúvidas, não tem marcação de tempo, não tem início, nem meio e nem fim. Tem apenas poesia, confidências, certeza, sonhos, abraços, paz, música e sorrisos. Não tem passado e nem futuro, tem desde sempre e para sempre o presente. Porque nossas conversas são assim: uma mistura de todos os tempos. E tudo o que fica quando nos despedimos é a certeza de que o que temos é único e eterno.

Sou água tua

Não é que eu goste de você, é só que você me cativa. A maneira que fala, o sotaque,o olhar que segue sedento de prazer o movimento dos meus lábios. Sim, sei que me deseja, e isso também me cativa. O calor que teu corpo emana, o calor da paixão. Paixão dessas bem mendigas, dessas que começam nas conversas intelecto-culturais de um bar qualquer e acabam na cama logo no primeiro suspiro de prazer. Mas o que mais me cativa nem é o teu cheiro ou o jeito que me abraça procurando sentir minhas curvas e o perfume do meu cabelo, o que mais me cativa é a maneira como me bebe. Sinto-me escorrendo pelo esôfago da tua alma, indo parar no estômago da tua mente. Alimentando os seus sonhos, suas ideias e os seus desejos mais carnais.