quinta-feira, 24 de março de 2016

Atenção

O tempo me fez ficar mais cautelosa, ou seria medrosa? Não importa. O que eu quero dizer é: o tempo muda a gente. Por isso, temos que ser atentos, como se fôssemos pessoas obcecadas pela juventude que se olham todos os dias no espelho procurando sinais de envelhecimento para aplicar Botox, entende? Devemos olhar para nosso interior todos os dias e perguntar: gosto dessa nova marca na minha personalidade? É isso que eu quero me tornar?
A gente se perde muito facilmente, sabe? Temos que ser atentos, olhar para dentro de si e procurar quem somos e quem nos foi imposto a ser.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Foi


Eu devia ter colocado data na primeira carta que te mandei, sinto falta agora de saber quanto tempo faz que tudo aconteceu. Parece que foi ontem, mas já passaram quantos dias, meses? Bom, mas o que importa agora é o tempo em que estamos.
Continuo sendo sincera contigo. Talvez esse seja o único ponto do qual posso me orgulhar: o de nunca ter mentido.  Ou talvez não, talvez eu deva me orgulhar também de não ter me envolvido. Porque, sabe, pela primeira vez eu não deixei de me envolver por medo, mas por convicção de que não era o momento e o motivo correto.
Pelo menos agora te escrevo quase que o contrário de antes. Não faço mal às pessoas a minha volta, pelo contrário, me tornei alimento leve para a alma de cada uma delas. Não sou mais instável, não tenho sentimentos venenosos. Sou certa, falo a coisa certa no momento certo. Talvez eu ainda seja um pouco confusa, um pouco. Mas tudo tem se esclarecido na velocidade certa. Caminho para ser certezas e não mais dúvidas, embora nunca deixarei de tê-las. Repare que estou falando sobre ser e não ter. Ainda tenho minhas dúvidas, mas agora são apenas questionamentos construtivos e não destrutivos.
Mas nada disso é importante, porque – como eu disse – você prosseguiu bem melhor, não lembra da dor como algo ruim, mas sim como aprendizado, não é? Pelo menos, agora, teremos isso em comum. Algum dia poderemos nos encontrar e contar nossos descasos de amor, compartilhar confidências, amadurecimentos e durezas construídas no coração. Concluindo que, nem sempre, um coração duro é sinônimo de maldade; mas, às vezes, de maturidade. E que, nem sempre, um descaso de amor é menos doce do que um caso de amor. Às vezes, eles são bem mais doces.

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Hoje está difícil


"Tá difícil hoje, né?" - perguntei ao vento logo de manhã cedo. Sem resposta, continuei o dia normalmente. Mas, também, quem me responderia? Tenho que perguntar à quem deveria responder. Mas quem deve: eu ou ele? Não tenho coragem de perguntar, tenho medo da resposta. Mesmo sabendo que, dele, ouviria apenas um "Ana, tá foda!". Mas tenho medo desse foda. Porque ele não pode estar mal, o dia não pode estar difícil, faltando aquele ar fácil de respirar. Sei que ele é forte, sei que a vida vai andar tranquila, que a rotina vai continuar cheia de inspiração e felicidade. Mas sei que dói pra caralho. Não me sinto forte, não me sinto útil em ajudá-lo. Na verdade, me sinto impotente e sem palavras. Até mesmo sem braço que abrace, sem olhar que acalme, sem sorriso que brilhe.
Acordei como em qualquer outro dia. Cheia, leve, alegre, disposta. Mas hoje está diferente. Não sei explicar, é só que... está difícil, entende? Café sem gosto, descobertas sem excitação, beijo sem desejo, dia sem sol, chuva sem frio, Ana sem drama.
Disse à mim mesma que não posso me sentir assim, ora! Mas numa fração de segundos me rebati dizendo "dá licença! tenho o direito de ter um dia assim: difícil". Afinal, ninguém é obrigado a ser de ferro. Às vezes, posso esmorecer. Talvez, isso é o que eu deveria falar para ela: tá foda? Então esmorece, estou aqui para te reerguer.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Aqui não tem tristeza


Não consigo ser triste, até queria ser. Conseguir chorar toda a dor que você deixa quando não se dá pra mim, conseguir compor no piano algo realmente doído, que transpassasse melancolia. Mas eu não sou assim. Na calmaria ou dobrando o barco em tormenta, o amor é motivo para sorrir. Então me deleito em sorrisos e gargalhadas. Posso até chorar, mas não significa que deixo de sorrir.