quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Te escrevo quando chegar lá

O dia está virando e eu comecei a sentir aquela sensação incrível e indescritível de quem começa a entrar na estrada. Aquele velho sentimento conhecido: uma mistura de liberdade com fome e ansiedade. Lá na primeira curva eu deixo a saudade, na dança dos galhos que vão passando vou deixando meu sorriso de pura satisfação. Sinto que as pobres árvores me invejam por poder pegar essa estrada vermelha de sangue de vidas passadas. E ponho-me a imaginar as próximas páginas que escreverei. Serão dramas, sorrisos, paixões... Hum as paixões! Apaixono-me já pela palavra em si.
Dessa vez tenho rota traçada, e ainda assim sei que haverão inúmeras surpresas. E parto apenas por desejar essas surpresas. Esse é o objetivo dessa vez, e não há motivos para ficar. Então tudo o que vejo é o vento dobrar.
Nem posso medir essa vontade de ir. Sinto que encontrarei pessoas para compartilhar versos, talvez encontre até quem faça música e me sinta um pouco maior do que de fato sou. Sou apenas poeta, não tenho música, embora ela me tenha. Mas sei que encontrarei uns acordes perdidos por aí. Sei também que poderei viver sonhos e encontrar quem os viva comigo. Sair um pouco desse sufoco, encontrar um louco rouco e ser a sua voz para que o grito de ver a vida maior não silencie. Não deixarei a poesia virar papel amarelado, viverei essa poesia suja da poeira dos tempos passados.
Agora são quase uma da manhã e minha única preocupação é não perder nada do que vem pela frente. Me agarro à minha garrafa de café e mantenho-me acordada. E só consigo pensar sobre qual será a próxima música que vai tocar. Mas tudo bem por agora, está tocando Phoenix e sei que o que quer que venha depois será bom, seja no estéreo do carro, seja nessa estrada.

E peço-lhe para que fique calmo, pois sempre que bater a dúvida eu escreverei. Lembrarei todos os dias: na dúvida, escreva!
Esse foi seu melhor conselho...

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

"olhar pela janela e ver o Sol tentando respirar"

- Eu já sofri muito nessa vida...
- Ah não vem com essa! Você nem sabe o que é sofrimento.
- Falou a senhora da razão! Então vai lá, sabe-tudo, me define sofrimento então.
- Sofrimento é querer escrever e não ter inspiração.
(risos)
- Você é tão dramática com essa tua poesia.
- Por que disse poesia fazendo aspas?
- Porque, se eu não sei o que é sofrimento, você não sabe o que é poesia.
- Talvez sejam a mesma coisa...
- É uma boa teoria.
- Na prática é uma merda!

domingo, 4 de setembro de 2011

considerações de final de dia


a verdade em que eu estou começando a acreditar é que talvez tenhamos sido criados com o propósito de perder. perder o medo, perder o tempo, perder o caminho, perder a vontade de acertar, perder o motivo de se irritar. Não consigo enxergar o porquê de vivermos sempre com tanta neura. é tão mais fácil encararmos os fatos que a vida nos põe e simplesmente seguir em frente. é tão mais fácil aceitar que algo não deu certo e tentar de outra forma do que ficar remoendo, e doendo, e sofrendo a vida toda com medo de tentar de novo, alimentando traumas dentro de si que irão determinar que você é um perdedor por destino. por quê? por que não perder a necessidade de saber sobre o amanhã? é tão mais simples viver sem preocupações, sem pré julgamentos do que pode ser certo ou errado. sabe, esses dias eu ouvi um casal conversando e entrando em acordo de que eles iriam namorar e caminhar no relacionamento deles devagar, a medida que desse certo eles aprofundariam, dariam um passo adiante. Isso me soou tão idiota, porque não acho que isso deveria ser um acordo, mas deveria ser o natural. por que o natural é entrar num relacionemento com o destino definido? "vamos namorar para casar", ou "não vamos nos envolver, não quero nada sério". quem somos para ditar o futuro? não somos ninguém, absolutamente. sempre que eu assumo esse papel de Deus, achando que posso escolher o caminho que minha vida tomará, minha vida toma um caminho de merda! cai numa fossa, dá tudo errado. e sabe por que? porque não fui criada para ser vidente, fui criada com a enorme beleza da ignorância acomanhada pela surpresa do que está coberto pela frente. a vida é o descobrir do futuro e eu sou a derrota de todas as vitórias pré-estabelecidas.