quarta-feira, 7 de março de 2012

Amor de partidas

Mas hoje ele levantou preparado pra dizer sobre todo o amor que ele nunca escondeu. Hoje, o dia da partida. Porque o amor entre os pássaros - essas pessoas livres - é assim mesmo, sabe. Eles se amam na liberdade, na partida, na saudade.
Ele sentiu no peito o efeito de deixá-la. Dói, é claro. Mas o sol já estava lá tocando as suas asas que gritavam histericamente "se joga, vai! pula dessa janela e voa". Então ele a olhou brilhando aos raios que a alcançavam deitada na cama com seus cabelos emaranhados, pensou em acordá-la, mas não teve coragem. Preferiu deixá-la sonhando com sua volta. Talvez assim doesse menos. Não doeu, mas as partidas são assim mesmo. E a vida dos pássaros é feita delas.
Então ele deixou um bilhete, como de costume.
Lembre de hoje no futuro, quando nada for seguro e o medo do desencontro tentar te roubar do nosso amor. Lembre de hoje, quando as nossas almas aprenderam a respirar uma a outra. Lembre de hoje, te suplico, porque não há como se enganar pensando que poderemos ser felizes esquecendo a nossa história.
E pulou, e voou.

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