Ler-te é ver a feiura transformar-se em beleza, porque gosto tanto de você que, por uns instantes, quase chego a esquecer de que você é feio. Feio: carente, torto, confuso, covarde e egoísta. Mas mesmo assim, sua alma é tão grande e você é tão puro que até mesmo da sua feiura brota beleza. Ler-te é ver o improvável acontecer e o óbvio do ser humano saltar aos meus olhos. O que é incrível já que eu nunca enxergo o óbvio; eu o sinto, mas não o enxergo. Então quando você me mostra, ele salta a mim como um estalo: “ah! Então era isso que eu queria dizer a vida toda, mas não sabia como”. E tudo faz sentido.
Ler-te é duvidar da própria sanidade. É compreender e aceitar a própria loucura. Ler-te é aprender que o melhor edredom é o álcool, o melhor teto, as estrelas e o pior castigo é ser levado para o inferno pelas próprias ideologias. Ler-te é ver o tiro sair pela culatra. É ver a ideologia virar merda e a merda virar poesia.
Ler-te é saber que a vida não é grata, que nós não somos heróis, que a desgraça te engole se você assim permitir. Ler-te é saber que jazz é ar, que estrada não é caminho e sim a própria chegada e que a própria vida é melhor do que o romance. Ler-te é saber que amor não é nada mais do que uma perseguição através do tempo.
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